terça-feira, 8 de dezembro de 2009

No beco sujo do mundo




No beco sujo do mundo
o sal ardia nos olhos dos pescadores
Mãe Menininha cantava de joelhos
pedindo a volta dos que não foram.
Cão côxo corria maldito,
a mãe de Judas morreu!

No beco sujo do mundo
dois galões vazios
desfaleciam soturnos.
Pro céu descolorido Pai Santo olhou
e a boca abriu,
a língua ergueu
e seco chorou.


A cor do milho sumindo,
galinha murcha ficando.
É cana-sem-açúcar,
feijão de corda torando,
mandacaru fulorando
E o bucho aqui me matando.


O luar que tardava a chegar,
o sol queimava sem cessar.
E na areia que secava até rachar,
vaca ossuda empacou.


Sou nordestino nato
não trabalho no mato,
mas minh'alma é de batalhador.
Acordei num beco profundo,
e no beco sujo do mundo
filho e meio a seca me tirou.

Um comentário:

  1. Bom primeira vez comentando no blogue da minha querida amiga e parceira Anita.Bom antes de tudo queria dizer que eu adorei o blog.
    Agora falando de seu poema. Bom sou até suspeito pra dizer algo primeiro porque sou apaixonado pelo nordeste e pelo jeito que vc escreve.
    Esse poema com um toque regionalista,com retoques modernistas,cru e as vezes maldito me deixam fascinado.Simplismente adorei. A palavra ideal é Genial.
    Espero que em breve possa fazer algo em parceira com vc seja de cinema teatro ou literatura te admiro muito como pessoa e como ser intelectual.

    Um grand beijo Anita.

    Rummenigge F.

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