terça-feira, 8 de dezembro de 2009

No beco sujo do mundo




No beco sujo do mundo
o sal ardia nos olhos dos pescadores
Mãe Menininha cantava de joelhos
pedindo a volta dos que não foram.
Cão côxo corria maldito,
a mãe de Judas morreu!

No beco sujo do mundo
dois galões vazios
desfaleciam soturnos.
Pro céu descolorido Pai Santo olhou
e a boca abriu,
a língua ergueu
e seco chorou.


A cor do milho sumindo,
galinha murcha ficando.
É cana-sem-açúcar,
feijão de corda torando,
mandacaru fulorando
E o bucho aqui me matando.


O luar que tardava a chegar,
o sol queimava sem cessar.
E na areia que secava até rachar,
vaca ossuda empacou.


Sou nordestino nato
não trabalho no mato,
mas minh'alma é de batalhador.
Acordei num beco profundo,
e no beco sujo do mundo
filho e meio a seca me tirou.