quinta-feira, 30 de junho de 2011

O poder da palavra

As vezes as linhas surgem expressando um momento íntimo de forma extremamente simples, sem muitos arrodeios. Mas quando vamos ver, as palavras já revelam mil e uma interpretações, cada uma mais "cósmica" que outra, possuindo o poder de se encaixar em mil e uma vidas, alinhar-se a mil e uma histórias. Essa é a delícia de ser lido e relido. Até por si próprio.


Viva a liberdade que alguns um têm de se expressar, transmitindo seu olhar a diversos novos olhos.

(Amém)

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Mente. Mentes?


"A paz
Fez o mar da revolução
Invadir meu destino;
a paz
Como aquela grande explosão
Uma bomba sobre o Japão"


a paz fez o mar da revolução,
a paz sucedendo a revolução,
ou a paz e depois a revolução?


como é bom sonhar.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Maternidade

Desfrutei daquele momento com intensa reflexão.
Unidas pelo fio de cordel, trocavamos todo tipo de matéria;
parte da sua essência já arraigada nas minhas pequenas entranhas.
Nasci, e pela primeira vez, expus meu corpo banhado ao sangue teu.

E naquele exato momento, percebi a essência, o ciclo da vida:
parte do sangue que me banhara escorre em minhas mãos,
e num momento indeterminado, banhará outrém,
sendo então, aliado a todos os sentimentos cultivados com
[os melhores adubos,
a maior representação do amor.

Lembrar de cultivar as ligações,
e se estas não existirem,
reforçar o adubo às "plantas em crescimento".

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Olhares? (retomando)


''O olho do cego brilhou ao enxergar o peito pulsante do ombro amigo''


sábado, 22 de agosto de 2009

Olhares?

Achei um tanto cômica a forma da interligação entre o texto acima e a respectiva foto. A composição desse fragmento foi feita há certo tempo atrás, quando indagava como seria ser um oftalmologista: examinar olhos, e não vê-los; partir de toda uma anatomia ocular, síndromes, vasos, profundidades, partículas. Como nunca tive a audácia de perguntar como é trabalhar nesse ramo a ninguém, tive a audácia de expor a questão ao relento. Pra mim, mais um paradoxo da vida.

Quando dois pares de olhos se entrelaçam, informações inconscientes são partilhadas, desde a expressão externa ao sentimento mais bruto e interior. Profundidades. 'Olhar fundo nos olhos, já que o olho é o espelho da alma'.

E o oftalmoscópio?




Fragmento pronto, blog pronto, faltava a imagem. Fui ao meu caro Google, mais uma vez (ô fontezinha 'sagrada') à procura de alguma imagem que se adequasse ao trecho. Procuras um pouco intensas sem sucesso algum, ou pelo menos não com o objetivo inicial, que era o de encontrar algum portador de deficiência visual sorrindo, alguma foto que tivesse um ângulo bacana, como num filme. Encontrei, porém, essa foto. Depois de contemplá-la, retornei ao trecho e vi que dizia 'ao enxergar o peito pulsante do ombro amigo'.

Violino, meu, teu, vosso ombro amigo. Tenha olhado ou não, enxergue-o.



(agora, à Santiago, cheio de invenções)

Realiza!



Tomei coragem de expor mais um daqueles tantos textos guardados nas entocas, da época que eu sentia 'inspiração' em qualquer suspiro (não que inspiração seja o pacote completo!). Coisa de momento.

Lá vai:

E nesse anoitecer, aconteceu novamente: entrei em erupção. Minhas entranhas fervilhavam, me agitava no ar, me arremessava no chão. Sentia que aquela música, que talvez nem fosse a melhor do mundo, fazia parte de mim. Esqueci de tudo, agia como fogo. Tivera largado meu corpo ainda me pergunto onde, enquanto minh'alma energizava-se a esmo. E numa saleta que para mim parecia um oceano de vastidão, acompanhava a incomum música, esquecendo-me das pessoas que me rodeavam, e que talvez ainda não estivessem acostumadas a ver cenas semelhantes tão repentinas. Pouco importava a mim o que pensavam, o que achavam daquilo tudo, que limites punham sobre mim; e se um dia tivesse importado, já se tornara imperceptível: ali ninguém entenderia nunca minha mente tão vasta. Apenas pretendia realizar meu sonho híbrido de voar.

É, sou como uma erupção mesmo.


(2008)

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Astigmatismo

Há tempos que este grafite não samba num pedaço de papel. E num momento quase transitório e inoportuno, a força da mente fraquejou, e as linhas de energia tão tênues e belas começaram a se perder nesta vasta memória.
Marcaram um famoso e até piegas ''tempo áureo'', as luzes que fluiam da bola alaranjada do céu até os movimentos mais frenéticos do corpo, e que passavam de forma direta e sem o menor vestígio de sombra pelas curvas mais saborosas do cérebro, numa espécie de libertinagem. E então, o tempo voou livre e sadio, trazendo consigo as mais firmes peças para a grande e nova construção: pessoas e sentimentos, entre agrupamentos e individualidades, sem limite fixo.
Então, a partir da união de todos esses elementos sempre dependentes, surge o momento do parto: o Sol, sua luz, cor e energia, em metros e metros de papel e de memória.
Surge o júbilo, a ternura e a esperança. A paz e a sinceridade. Os cinco (ou seis) sentidos, com destaque à audição. A consciência e o respeito. E assim, a solidificação do indivíduo.
E depois desse grande círculo de energia, surge a fadiga, e aos poucos, a sombra começa a vencer a luz. E por fim anoitece.
Os velhos papéis se escondem na vasta escuridão, contemplando o toque, agora extremamente mais leve, das cores sobre os olhos. Mas em pouco tempo, surge também um pequeno vazio, que tende a aumentar à medida que se diminui o reconhecimento do fato, e que o caminho tão bem traçado desaparece através dos olhos.

Eu só preciso compreender.

Eu quero o meu Sol!

Eu..

Eu...

E por fim um homem apresenta o novo caminho:
- Está aqui. Tome seu mundo de vidro.

Astigmatismo.

domingo, 25 de abril de 2010

Alfabetização?

A princípio, transparentes, incolores,
presentes em uma infância tão miúda e sonhadora.
E em rabiscos mútuos, quase completamente indecifráveis,
uma tentativa de transparecer o interno, ou o meio.
Depois, caligrafadas e (im)postas em ordem,
construindo parte de uma história, de uma época jamais esquecida.

Por vezes deixada de lado:
o tempo não para e é preciso viver loucamente, não é assim?
Por vezes, novos rabiscos,
nem tão mútuos, mas codificados.
E dos elementos das diversões infantis,
uma cruzadinha,
um elástico,
uma corda embolada, uma estrela do céu:
''#$@*'', má interpretação, código mal usado.

Amadurecida, de cor tinindo no papel,
revela presente, passado e futuro.
E das mãos trêmulas, a mais formosa linha,
que segue o fluxo mais interno que nunca.
E as últimas de todo um tracejado inconstante,
esculpida em algum pedaço de pedra ou de madeira,
''Aqui jaz'', com alfabeto e com amor.