quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Olhares? (retomando)


''O olho do cego brilhou ao enxergar o peito pulsante do ombro amigo''


sábado, 22 de agosto de 2009

Olhares?

Achei um tanto cômica a forma da interligação entre o texto acima e a respectiva foto. A composição desse fragmento foi feita há certo tempo atrás, quando indagava como seria ser um oftalmologista: examinar olhos, e não vê-los; partir de toda uma anatomia ocular, síndromes, vasos, profundidades, partículas. Como nunca tive a audácia de perguntar como é trabalhar nesse ramo a ninguém, tive a audácia de expor a questão ao relento. Pra mim, mais um paradoxo da vida.

Quando dois pares de olhos se entrelaçam, informações inconscientes são partilhadas, desde a expressão externa ao sentimento mais bruto e interior. Profundidades. 'Olhar fundo nos olhos, já que o olho é o espelho da alma'.

E o oftalmoscópio?




Fragmento pronto, blog pronto, faltava a imagem. Fui ao meu caro Google, mais uma vez (ô fontezinha 'sagrada') à procura de alguma imagem que se adequasse ao trecho. Procuras um pouco intensas sem sucesso algum, ou pelo menos não com o objetivo inicial, que era o de encontrar algum portador de deficiência visual sorrindo, alguma foto que tivesse um ângulo bacana, como num filme. Encontrei, porém, essa foto. Depois de contemplá-la, retornei ao trecho e vi que dizia 'ao enxergar o peito pulsante do ombro amigo'.

Violino, meu, teu, vosso ombro amigo. Tenha olhado ou não, enxergue-o.



(agora, à Santiago, cheio de invenções)

Realiza!



Tomei coragem de expor mais um daqueles tantos textos guardados nas entocas, da época que eu sentia 'inspiração' em qualquer suspiro (não que inspiração seja o pacote completo!). Coisa de momento.

Lá vai:

E nesse anoitecer, aconteceu novamente: entrei em erupção. Minhas entranhas fervilhavam, me agitava no ar, me arremessava no chão. Sentia que aquela música, que talvez nem fosse a melhor do mundo, fazia parte de mim. Esqueci de tudo, agia como fogo. Tivera largado meu corpo ainda me pergunto onde, enquanto minh'alma energizava-se a esmo. E numa saleta que para mim parecia um oceano de vastidão, acompanhava a incomum música, esquecendo-me das pessoas que me rodeavam, e que talvez ainda não estivessem acostumadas a ver cenas semelhantes tão repentinas. Pouco importava a mim o que pensavam, o que achavam daquilo tudo, que limites punham sobre mim; e se um dia tivesse importado, já se tornara imperceptível: ali ninguém entenderia nunca minha mente tão vasta. Apenas pretendia realizar meu sonho híbrido de voar.

É, sou como uma erupção mesmo.


(2008)